Quando Sistema Interno começa, nosso olhar se depara com o rosto de alguém que acaba de acordar, uma mulher em sua intimidade. Nesse instante, tem inicio um exercício de metalinguagem em que nós espectadores também fazemos parte da idéia. Quando aquela mulher comum sai de casa para mais um dia de trabalho, vemos a ação através de câmeras de segurança, a partir daí ficamos também na posição de voyeur, pois além de sempre sermos observados na rua, nós também, sentados na cadeira do cinema, estamos a olhar o que se passa. No cinema, através de nossa sede por ver o outro, nos permitimos envolver com histórias e situações que são feitas para saciar nossa ânsia. Neste espelho em que nos deparamos, olhamos o ser humano de frente, podendo ser em close ou primeiro plano.
Um interessante exercício de linguagem, Sistema Interno nos faz pensar em temas recorrentes em nossa contemporaneidade, a angústia de estarmos sendo olhados a todo o momento, o mundo audiovisual que tomou conta de nossas vidas, uma época onde as pessoas se angustiam ao serem vigiadas, mais que também possuem desejo e fascinação quando se vêem na tela. A atriz nos olha com um riso de sarcasmo no rosto ao final do filme: é como se ela nos dissesse que sabia que estamos a olhá-la.
Daiverson Machado
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