Hoje é aceitável que a concepção de divindade esteja embutida em várias formas. O caráter do divino pode assumir múltiplas maneiras de acordo com a crença de cada um, como por exemplo, as igrejas lotadas de fiéis ou a veneração de fãs com seu ídolo da música. O filme de Marcelo Caetano nos transporta a mais uma realidade desse caráter contemplativo: a cantora Clara Nunes como entidade espiritual.
Primeiramente, somos conduzidos a um terreiro de umbanda. Nesse lugar encontramos um acontecimento aparentemente curioso, uma TV ligada emitindo a imagem da cantora e sua composição artística, unindo aquelas pessoas na vida e possivelmente na morte. Logo depois, somos apresentados a um novo fragmento: uma travesti que incorpora grandes divas da MPB, inclusive Clara Nunes.
O culto do grupo de umbanda se contrapõe ao espetáculo da travesti. Enquanto o primeiro revela simplicidade e uma devoção beatificada, o segundo é composto de plumas e paetês. Entretanto, existe um elo único, o que torna o filme “claro” em sua essência espiritual. Dessa maneira, Marcelo Caetano consegue captar sutileza ao transpor nas telas duas manifestações tão distintas e também tão iguais entre si.
Raquel Turetti
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2 comentários:
este filme me pareceu interessante. há algum contato para falar com o realizador? participo de um cineclube em São Carlos e achei interessante para passar lá.
meu email é fmarcie@gmail.com
obrigada!
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