sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A TAL GUERREIRA, de Marcelo Caetano (texto 1)

Hoje é aceitável que a concepção de divindade esteja embutida em várias formas. O caráter do divino pode assumir múltiplas maneiras de acordo com a crença de cada um, como por exemplo, as igrejas lotadas de fiéis ou a veneração de fãs com seu ídolo da música. O filme de Marcelo Caetano nos transporta a mais uma realidade desse caráter contemplativo: a cantora Clara Nunes como entidade espiritual.

Primeiramente, somos conduzidos a um terreiro de umbanda. Nesse lugar encontramos um acontecimento aparentemente curioso, uma TV ligada emitindo a imagem da cantora e sua composição artística, unindo aquelas pessoas na vida e possivelmente na morte. Logo depois, somos apresentados a um novo fragmento: uma travesti que incorpora grandes divas da MPB, inclusive Clara Nunes.

O culto do grupo de umbanda se contrapõe ao espetáculo da travesti. Enquanto o primeiro revela simplicidade e uma devoção beatificada, o segundo é composto de plumas e paetês. Entretanto, existe um elo único, o que torna o filme “claro” em sua essência espiritual. Dessa maneira, Marcelo Caetano consegue captar sutileza ao transpor nas telas duas manifestações tão distintas e também tão iguais entre si.

Raquel Turetti

2 comentários:

Flávia disse...

este filme me pareceu interessante. há algum contato para falar com o realizador? participo de um cineclube em São Carlos e achei interessante para passar lá.

Flávia disse...

meu email é fmarcie@gmail.com

obrigada!